Santa Teresa é o que é. Um bairro lindinho, antiguinho, colorido, com curvas que se cruzam, ruas de paralelepípedos riscadas pelo trilho do bondinho amarelo, ladeiras íngremes.
Por charmoso e fotogênico que seja, tem seus defeitos: fica longe da praia, pode ser perigoso e deixa muito motorista de táxi de mau humor de ter que se embrenhar nos seus labirintos.
Outro dia já mostrei fotos pra vocês de um hotel novo, o Santa Teresa, que - corajosamente, diga-se - abriu as portas em pleno Largo dos Guimarães, o coração do bairro - e certamente passou a ser o hotel mais chique do pedaço.
Tinha ficado de contar pra vocês de meu almoço em seu restaurante, chamado Térèze (na foto acima).
Pois então. Ferran foi-se do Brasil, a poeira baixou, então agora, finalmente, volto a falar do Térèze. E digo que é o primeiro restaurante chique do bairro porque o famoso Aprazível, por mais aprazível que seja, com plantas ao redor das mesas, vista panorâmica e até uma cachaçaria de respeito, tem um jeitão mais "lá em casa", nada formal.
Um dos sócios do Hotel Santa Teresa, o francês François Delort, é quem assina o décor rústico-chic do Térèze. Conseguiu o que parecia impossível: deixar o reciclado com cara de novo e luxuoso. Uma parede inteira é revestida de tacos reaproveitados de demolição. As lindas cadeiras (abaixo), com um quê de modernistas, são feitas de madeira tirada de pisos de antigas fazendas por um designer ainda meio underground chamado Rock Lane, de Minas Gerais (Rock Lane! Já viram nome mais doido?). Um parêntese: esse cara é um super achado pra quem mexe com decoração, vejam só o site dele.
Outras sacadas: galhos de eucalipto descartados por madeireiras servem como divisórias quebrando o vasto salão em vários espaços mais intimate. E óleo diesel dá um efeito sépia ao piso de cimento queimado.
O menu, bastante ambicioso, foi criado pelo chef francês Damian Montecer, ex-Clube Chocolate e ex-Payard. Tem desde camarão flambado na cachaça com purê de manga a bife de chorizo com batatas e aspargos à milanesa.
Não quero dar veredito nenhum depois de um almocinho apenas, ainda mais em pleno soft-opening, mas acho que o menu ganhará se tiver uma pegada um pouquinho mais leve, mais carioca, com menos frituras. Mas enfim: estava bom e caprichado, vejam abaixo o bife com seu aspargo "in a blanket", os chips do couvert e o camarãozão flambado:
De longe o melhor era o potpourri de sobremesas, pra dividir, que inclui um baba à cachaça (ao invés do rum), sorvete de canela ultra-cremoso e uns pirulitos de macarons meio puxa-puxa de levar a mais determinada garota de regime à perdição.
Ao reservar, peça mesa com vista para a pirambeira e os telhados de Santa Teresa. E antes de irem embora, passem no spa, logo abaixo, para conhecer ou para uma massagenzinha pós-almoço, ou, pros mais etílicos, uma grappa digestiva na agradabilíssima varanda-bar do hotel – vale a pena!
Anotem: Rua Almirante Alexandrino, 660, Santa Teresa, tel. (21) 2222-2755, www.santateresahotel.com
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